DHQ: Digital Humanities Quarterly
2020
Volume 14 Number 2
2020 14.2  |  XMLPDFPrint

Avanços no estudo das redes de itinerários da Península Ibérica no século XVI. Aplicando os SIGH para estudar a história da arquitetura

Advances in the Study of 16th-century Road Networks in the Iberian Peninsula: Applying SIGH to the History of Architecture

Patricia Ferreira-Lopes  <patricia_dot_ferreira_at_juntadeandalucia_dot_es>, Escuela Técnica Superior de Arquitectura de la Universidad de Sevilla

Abstract

Pesquisas recentes estão demonstrando a potencialidade da aplicação dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) nos estudos culturais e históricos. Esses estudos comprovaram os benefícios, a flexibilidade e, também, as dificuldades que o uso dessa tecnologia da informação traz para a área de humanidades. Nas pesquisas desenvolvidas no campo da documentação do patrimônio, observou-se que grande parte delas defendem e afirmam as vantagens para realizar análises com os SIG mas não conseguem alcançá-las porque ficam restringidas a usar a tecnologia apenas para geolocalizar uma determinada informação. Esse problema merece especial atenção porque limita a geração do conhecimento a partir dos dados coletados e tratados. O presente artigo propõe um exemplo de estudo que contempla a fase de digitalização e análise de uma importante fonte documental, cartográfica e literária da Espanha: o Repertório de todos os caminhos de Espanha no ano de graça de 1546. A rede de caminhos existente no século XVI na Península Ibérica foi um dos principais fatores que favoreceram a consolidação das atividades comerciais, o fluxo do conhecimento e das inovações técnicas construtivas nos novos centros urbanos criados. Propomos uma análise do impacto dessas redes de comunicação, através de mapas temáticos, visualização por justaposição, cálculo de densidades e cálculo do caminho de menor custo para estudar as conexões terrestres na Península. O resultado é a criação de um modelo de dados espacial histórico capaz de inter-relacionar dados alfanuméricos e/ou físico-geográficos que possibilita uma nova perspectiva e fonte de informação para os pesquisadores e profissionais de diversas áreas.

1. Introdução

Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) surgiram durante a década de 60 no campo das ciências aplicadas, principalmente vinculados com a questão da gestão e uso do solo.[1] Entretanto, foi somente nos anos 80 que se desenvolveram na área de humanidades, inicialmente com sua aplicação no campo da arqueologia [Hasensatb 1983] [Kvamme 1990] [Van Leusen 1993] [Fisher et al. 1997]. Só a partir do início do século XXI, os SIG são aplicados a pesquisas associadas com a disciplina de História. Em março de 2004, o congresso “História e Geografia: Avaliando o papel da informação geográfica no conhecimento da História”, organizado pela Newberry Library em Chicago, reuniu importantes nomes como Anne Kelly Knowles e Ian Gregory. As publicações de Knowles, juntamente com as de Ian Greogory e Ell acabaram marcando as bases iniciais dos SIGH (Sistemas de Informação Geográfica Históricos) [Knowles 2002] [Knowles e Hillier 2008] [Gregory et al. 2001] [Gregory 2005] [Gregory e Healey 2007] [Gregory e Ell 2007].[2] Na história da arquitetura, matéria que este artigo versará, a aplicação dos SIG é ainda mais recente e é resultado tanto do interesse gerado a partir dos estudos em arqueologia, com a abordagem da escala territorial e do uso de modelos de predição [Kvamme 1983] [Judge e Sebastian 1988] [Wheatley 2004] [Gaffney e van Leusen 1995] [Whitley et al. 2010] [Verhagen et al. 2013] [Verhagen et al. 2016], como também, dos estudos no campo do patrimônio [Box 1999] [Cassatella e Carlone 2013] [De Montis e Caschili 2012] [Salvador e Vitti 2011] [Abrate et al. 2013] [Ferreira Lopes e Rozalem 2018] e da historiografia [Crespo Solana 2014] [Terpstra e Rose 2016].
Dentro da grande heterogeneidade das fontes documentais patrimoniais, as cartografias são fundamentais para o conhecimento e interpretação dos espaços (cidades, regiões ou nações). Pesquisadores e profissionais que trabalham com patrimônio já estão habituados a usar cartografia e planos. A incorporação do uso dos SIG nos seus trabalhos proporcionaria uma maior capacidade de edição e crescimento da informação através da criação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais (IDE), dando a possibilidade de interconectar dados espaciais com informação do tipo alfanumérica. Essas características proporcionam maior agilidade na geração de visualizações, interconexão de dados e na escolha das decisões, além de oferecer a oportunidade de reutilizar a informação em outros objetos de estudo ou projetos. Assim, a cartografia histórica dentro de um ambiente SIG se transforma em outra ferramenta na qual a informação pode ser repetidamente explorada durante o processo de pesquisa [Gregory e Ell 2007]. Dessa maneira, a cartografia adquire outras possibilidades de exploração, permitindo ser analisada de uma forma não linear e poli cronológica, proporcionando uma interpretação temporal do espaço com base nas questões históricas e vice-versa, que se aproxima mais à complexidade dos fenômenos reais [von Lünen e Travis 2012] [Del Bosque González et al. 2012]. Da mesma forma, a precisão e a técnica utilizadas na elaboração da própria cartografia histórica são também outra fonte de informação que manifesta o estado do conhecimento científico no momento da sua criação [Rumsey e Williams 2012] e está intimamente ligada à história das civilizações. A incorporação das informações cartográficas em pesquisas que aplicam os SIGH gera um novo interesse no estudo dessas fontes que, sem dúvida, tem muito a oferecer para alcançar uma visão integral do patrimônio, contemplando suas dimensões espaciais e temporais [Schlögel e Arántegui 2007]. Igualmente, favorece lograr maior eficácia no trabalho interdisciplinar e sistêmico, algo exigido no próprio processo de valorização do patrimônio principalmente durante as duas primeiras fases do “círculo de valor” [Azkarate et al. 2009]: i) identificação do contexto, ii) documentação e registro.
Nas duas últimas décadas, o tratamento das fontes cartográficas e dos planos históricos obtiveram um enorme avanço na preservação, digitalização e catalogação por diversas instituições,[3] o que contribuiu também para sua salvaguarda (conseguindo limitar o manuseamento do documento original). O progresso é palpável principalmente na acessibilidade aos documentos históricos por via telemática, rapidamente um arquivo digital com uma resolução apropriada[4] pode ser adquirido com um simples click. O uso dos SIG permite que novas análises e hipóteses desses documentos históricos sejam logradas, através de análises métricas, topológicas, de comparação por justaposição, de visualização das transformações no tempo e no espaço, etc., algo difícil de alcançar com o uso dos métodos tradicionais. Tudo isso supõe uma oportunidade para alcançar um novo nível de compreensão do passado e de projeção para o futuro. Por um lado, a cartografia histórica pode conseguir uma maior possibilidade de inter-relação e convergência com outras disciplinas, proporcionando uma compreensão mais profunda do objeto de estudo. Por outro, as informações textuais e numéricas coletadas de outras fontes patrimoniais (textos, tabelas, dados numéricos, etc.) poderão ser associadas a ela, contribuindo para a contextualização da própria fonte.
Este trabalho faz parte de um projeto mais amplo, “Um modelo digital do patrimônio do gótico tardio através de SIG e Grafos no antigo Reino de Sevilha” [Ferreira Lopes et al. 2016] [Ferreira Lopes e Puerto 2018], que tem o objetivo de estudar a logística que acompanhou as grandes construções arquitetônicas durante o fenômeno do gótico tardio[5] na Península Ibérica nos séculos XV e XVI. O projeto surge através da colaboração entre historiadores, geógrafos e arquitetos. Este artigo apresenta uma parte dos resultados alcançados: a criação de dados espaciais históricos de uma importante fonte cartográfica e literária – “o Repertório de todos os caminhos da Espanha no ano de 1546” de Pedro Juan Villuga,[6] [Villuga 1546]. Propomos a análise do impacto dessas redes de comunicação através de mapas temáticos, comparação por justaposição, cálculo das densidades dos itinerários e dos núcleos[7] e análises do caminho de menor custo para estudar as conexões terrestres na Península. O resultado é a criação de um modelo capaz de ampliar a perspectiva no campo da investigação da História da Arquitetura, além de gerar uma metodologia que poderá ser ampliada e aplicada a outros casos de estudo.
A metodologia desenvolvida abrange três principais blocos:
  • Busca, seleção e organização das fontes documentais. Uma vez realizada a pesquisa das fontes históricas, realizamos uma análise para sua seleção. Como fatores principais do critério de inclusão estavam: o estado de conservação da própria fonte documental; a disponibilidade e a qualidade do seu arquivo no formato digital; e as informações possíveis de serem extraídas e tratadas.
  • Tratamento, digitalização e vetorização da informação representada na fonte cartográfica e/o literária. Esta foi sem dúvida a etapa mais longa do processo, que consumiu mais tempo e dedicação.
  • Análises utilizando os SIG. Para realizar as diferentes análises foram usados a IDE histórica criada junto com outros dados históricos espaciais.

2. Decifrando os caminhos do século XVI da Coroa de Castela

O fato de considerar tanto a dimensão espacial como a temporal no projeto nos ajudou a compreender, visualizar e analisar (nas escalas micro e macro) as comunicações peninsulares para descobrir a relação delas com a logística, os recursos humanos e materiais e as atividades construtivas da época, questões que já tinham sido debatidas por alguns pesquisadores [Serra Desfilis 2016] [Alonzo Ruiz 2010]. Pela primeira vez, foi considerada a escala do território (uma escala peninsular e outra regional) para o estudo da transferência artística documentada nos processos de construção, na qual as complexas relações estabelecidas podem ser observadas no território e no tempo [Serra Desfilis 2011]. Além disso, o objeto de estudo também destaca a necessidade de integrar dados já tratados por outros pesquisadores que estavam dispersos e fragmentados, o que bloqueava lograr uma visão integral do fenómeno do gótico tardio. Essas investigações estavam mais centradas nos aspectos biográficos dos profissionais (principalmente dos grandes maestros) ou na história de um determinado edifício [Gestoso e Pérez 1899] [Alonso Ruiz e Jiménez Martín 2009] [Rodríguez Estévez 1996].
Entre os fatores que mais influenciam na conformação do território estão os fluxos de pessoas, conhecimento, técnicas de construção, serviços, comércio, capital, produção e distribuição de materiais, etc., que se inter-relacionam transformando-os uns aos outros desde suas múltiplas escalas [Castells 1995] [Lyster 2016] [Soja 2010]. Para poder observar esses movimentos foi necessário evoluir da representação pontual dos eventos históricos para um estudo das conexões desses eventos com uma visão mais humana dos acontecimentos. Assim, conseguimos observar os possíveis trajetos dos viageiros, principalmente dos profissionais envolvidos na construção da arquitetura para relacioná-los com a produção arquitetônica, as soluções construtivas usadas e a transferência de conhecimento. Além disso, conseguimos também visualizar os centros de produção mais importantes observando onde estavam as maiores densidades de atividades relacionadas com as obras de arquitetura.
Alguns estudos relacionados somente com o sistema de comunicação já foram realizados, como os estudos sobre as comunicações e os itinerários da Coroa de Castela na época dos Reis Católicos [Alcázar Molina 1953] [Rumeu de Armas 1974], alguns deles inclusive lograram traçar a história e evolução dos caminhos de Espanha [Uriol Salcedo 1990] [Hernando e Ladero 2009]. Contudo, outras interpretações podem ser alcançadas com a aplicação de técnicas digitais capazes de relacionar dados heterogêneos com o objetivo de oferecer uma reinterpretação tanto das fontes documentais, como do próprio fenômeno histórico. A “tradução” dessas fontes para uma nova linguagem digital e infográfica permite uma nova dimensão da sua informação, além de proporcionar uma melhoria na sua disseminação e, em consequência, no seu conhecimento.

2.1 Metodologia

Dentro da problemática para a compreensão da história da arquitetura desde uma perspectiva integral, está a complexidade nas análises das fontes documentais e dos testemunhos materiais e imateriais de seu contexto social e produtivo. Não é possível entender nenhum produto feito pelo ser humano como algo isolado, sendo necessário entender as atividades que deram sua origem, as marcas que elas deixaram e suas variedades. Também não podemos esquecer que esse modo de compreensão é parte de um processo no qual várias fases e ações são realizadas e que esse processo é em si mesmo conhecimento [Freire e Shor 2014].
Antes de explicar a metodologia que foi realizada é imprescindível indicar que as hipóteses apresentadas neste trabalho estariam sujeitas a variáveis ​​que ainda não foram incorporadas nas análises, por exemplo, as estações do ano, o peso dos materiais e suas condições de transporte, a quantidade de animais necessários para realizar determinado percurso, as dificuldades de entrar nos centros urbanos, a solidez das estradas ou a segurança das mesmas. A escolha do itinerário depende, portanto, do ponto de partida e de chegada, das maiores ou menores dificuldades impostas pelas condições antes mencionadas e dos recursos dos próprios viageiros. Com relação a essa questão, nos itinerários de Juan Villuga [Villuga 1546] o autor identifica, por exemplo, dois itinerários diferentes entre Toledo e Valladolid dependendo do tipo de transporte: um para carros e outro para cavalos.
O “Repertório de todos os caminhos de Espanha” [Villuga 1546] é uma das primeiras publicações sobre repertórios de caminhos em linguagem moderna na Europa.[8] A publicação tinha como objetivo documentar e localizar as capitais, as cidades grandes e pequenas, e as vendas que existiam na Espanha naquele momento, traçando os caminhos e registrando as distâncias existentes (Figura 1). Um total de 139 itinerários foram catalogados por Villuga. Esses caminhos se estendiam por toda a Península Ibérica (Portugal também estava incluído) e estão documentados tanto em forma de tabelas, especificando o itinerário e os núcleos com as distancias (em léguas), como na própria cartografia que está incluída na publicação. O que pretendia o autor era que essa publicação fosse uma guia útil para todas as pessoas que necessitavam viajar naquele momento, ajudando a elas a evitar extravios e a escolher os caminhos mais apropriados para percorrer no menor tempo possível. Para isso, Villuga também incorpora na publicação alguns comentários breves relacionados com características dos caminhos[9], por exemplo, no itinerário entre Évora e Porto, o autor classifica como “caminho plano”; no itinerário entre Segóvia e Guadalupe o autor deixa o comentário “caminho com boas pousadas”.
Figure 1. 
(Figura 1) Folhas da publicação “Repertorio de todos los caminos de España en el año de gracia de 1546” [Villuga 1902].[10]
Sabemos que, apesar da ambiciosa intenção de Villuga, ele não conseguiu catalogar todas as estradas e núcleos,[11] uma apreciação que também nos interessa e que será objeto de futuras análises em uma micro-escala concentrada no Sul da Península, região que se verifica uma maior escassez de itinerários registrados por ele e que sabemos que tinha uma grande quantidade de caminhos na época romana. Por outro lado, como afirmou Uriol, o repertório de Villuga, além de catalogar e descrever as estradas, serviu também como uma guia para as peregrinações, o que de certo modo corrobora com nossa intenção de verificar os caminhos percorridos pelos profissionais que trabalhavam na indústria da construção da época, principalmente aqueles relacionados com as obras religiosas [Uriol Salcedo 1990]. Assim, muitos itinerários registram como pontos algumas edificações religiosas, como por exemplo o monastério “Cuevas de Sevilla Monesterio de cartuxos”, perto da cidade de Sevilha, ou o Monesterio de Sancta Mari de Belé em Lisboa.
Esse mesmo mapa, conhecido também como “Mapa dos caminhos de Villuga”, foi redesenhado por Gonzalo Menéndez Pidal em 1951 [Pidal 1951]. As diferenças mais notáveis ​​entre o mapa Villuga de 1546 e o de Pidal à primeira vista são várias: 1) a variação dos nomes das cidades, vilas ou vendas; 2) um número menor de núcleos representados, no mapa original de Villuga de 1546 se observa uma quantidade muito maior; 3) a mudança da toponímia dos núcleos, em muitos casos houve a transformação dos nomes designados por Villuga (“Lucernich”, “Dalagon”, “Segovia” ou “Sinas”) por outros renomeados por Pidal (“Luceni”, “Alagón”, “Seóvia”, “Encinas”); 4) a perda das informações fornecidas no mapa original de Villuga quanto à classificação desses núcleos em capital, cidade importante, cidade pequena e venda; 5) a técnica cartográfica, a precisão da localização geográfica dos núcleos é mais efetiva na cartografia de Pidal.
Na primeira etapa, foram localizados documentos em diferentes Instituições, Organizações e Arquivos e criou-se uma base de dados das fontes com atributos característicos de cada uma delas com o objetivo de organizar a informação que logo seria adicionada nos metadados das cartografias tratadas em um ambiente SIG (Figura 2). Depois de buscar as fontes e verificar a importância da informação contida no trabalho de Villuga e de Pidal para o nosso objeto de estudo, realizou-se seu tratamento e digitalização. Primeiramente foi feita a incorporação das imagens das cartografias históricas [Villuga 1546] [Pidal 1951] em um software SIG, procedendo à sua georreferenciação através de pontos de controle e, posteriormente, realizamos uma análise visual por justaposição (Figura 3).
Figure 2. 
(Figura 2) Tabela com as diferentes fontes cartográficas selecionadas previamente para este estudo. Nesta lista, especificamos os dados de cada cartografia: categoria, título, arquivo ou coleção, direção web, data, autoria, medições, número de páginas, escala aproximada e técnica. Cada um desses atributos será então vinculado aos metadados do arquivo raster georreferenciado. Um total de 15 fontes e 25 folhas.
Figure 3. 
(Figura 3) Esquema explicativo do processo de georreferenciamento e justaposição das cartografias Villuga, Pidal e DERA 100[12] em um SIG.
Na segunda etapa, foi desenvolvida a criação da IDE histórica. Primeiramente, os núcleos foram transcritos e relacionados com a informação dos respectivos caminhos [Villuga 1546] e classificação definidas por Villuga (capital, cidade importante, cidade pequena, venda) [Villuga 1546] através de uma tabela em formato .xml. Cada núcleo, por sua vez, foi associado também com a designação atual e as estabelecidas nas cartografias de Villuga e de Menéndez Pidal. Dessa maneira, as mudanças de toponímia foram registradas entre a cartografia de 1546 e 1941 (Figura 4). Outra característica adicional que decidimos contemplar foi o atributo de "precisão" que se refere a qualidade da informação espacial (as coordenadas). Quando os dados de um núcleo não eram precisos ao georreferenciar, adicionamos o atributo "impreciso", assim a qualidade do dado também ficaria registrada na própria tabela de atributos. O número de vezes que um núcleo/cidade se repete poderia indicar sua importância neste período [Uriol Salcedo 1990]. Assim, através da função "count.if" verificamos que os núcleos mais importantes eram: Toledo, citada 24 vezes; Valência, 21 vezes; Zaragoza, 16 vezes; Barcelona e Medina del Campo, 11 vezes; Burgos e Valladolid, 10 vezes; Granada, Cuenca e Lérida, 9 vezes; Sevilha, Lisboa, Utiel, Requena, Lleida, Siete Aguas, Paseo Murviedro, Cuart de Poblet, Chiva, Albalat dels Sorells, 8 vezes.
Figure 4. 
(Figura 4) Veja na imagem uma parte da tabela que mostra um dos itinerários, o ponto de partida e chegada, a categoria desses núcleos de acordo com Villuga, o nome dos núcleos de acordo com a cartografia de Villuga e de Pidal e com a designação atual.
Simultaneamente à criação dessa tabela, criamos um mapa através do Google Engine no qual esses núcleos foram geolocalizados. As maiores dificuldades encontradas foram na localização de algumas “vendas” (aproximadamente 7% delas não foram encontradas). No entanto, esta lacuna não invalida o esforço do projeto, uma vez que os resultados obtidos com a criação dessa IDE histórica podem ser expandidos e/ou editados facilmente em futuros trabalhos. Dos 139 itinerários Villuga, 1073 núcleos foram geolocalizados. Para facilitar a associação posterior com a tabela de atributos, procedeu-se a nomear os núcleos na plataforma de Google Engine com o mesmo nome usado na coluna correspondente ao "nome" da tabela de Excel (Figura 5).
Figure 5. 
(Figura 5) Imagem do mapa dos núcleos representados na cartografia de Villuga de 1546 criado na plataforma do Google Engine.
A terceira fase da criação da IDE histórica consistiu em associar os núcleos georreferenciados à tabela de dados. O arquivo .kmz dos núcleos foi importado no software ArcMap para ser transformado em um shapefile para depois realizar a conversão do seu sistema de projeção de coordenadas WGS84 ao ETRS89 30N. Posteriormente, interligamos o shapefile com a tabela de atributos dos itinerarios e núcleos criada anteriormente. Depois da associação das entidades espaciais com os atributos foi possível realizar a justaposição com outras cartografias históricas, outras camadas vetoriais (calçadas romanas, estradas atuais, relevo, províncias limite, litologia, etc.), camadas ráster, modelos digitais de terreno atuais, etc. (Figura 6), bem como visualizar a camada dos núcleos com a classificação estabelecida por Villuga.
Figure 6. 
(Figura 6) Uma vez imersos no SIG, os núcleos foram diferenciados de acordo com sua classificação (venda, cidade pequena, cidade importante e capital) ajustando sua representação de acordo com seus atributos previamente definidos na tabela. Nesta imagem, também apreciamos algumas das possíveis justaposições que podem ser feitas: a) com a cartografia de Juan Villuga de 1546; b) com a cartografia de Pidal de 1951; c) com o Modelo Digital de Terreno; d) com o raster do contexto físico e com a camada (layer) vetorial das calçadas romanas.
Depois de obter a camada dos núcleos, a camada vetorial dos caminhos foi criada no próprio software ArcMAP tendo como base os pontos dos núcleos já inseridos e a cartografia de Pidal, uma vez que essa fornece maior precisão. Algumas diferenças foram verificadas durante esse processo, por exemplo: os itinerários 10 e 44 de Villuga não aparecem na cartografia de Pidal; no itinerário 54 de Villuga (de Murcia para Valência) a conexão entre “Fuente la Higuera” e “Villena” não aparece em Pidal; o itinerário 57 (de Valência para Sevilha) na cartografia de Pidal não está registrado o caminho que liga “Almansa” com “Játiva” passando pela “Venta del Puerto”; na cartografia de Pidal não consta o itinerário 119 de “Cuenca” para “Sigüenza” passando por “Algora” e “La Cabrera”, o mesmo acontece com o itinerário 121, não havendo caminho de “Alcázar de San Juan” para “Toledo” passando por “Mora”; no itinerário 130 (de Girona para Lérida) a conexão entre “Moncada” e “Martorell” na cartografia de Pidal não aparece.
Cada itinerário está associado a sua representação geométrica espacial (polilinha) e a sua linha na tabela de atributos que possui informações como: número do itinerário (estabelecido por Villuga); ponto de origem e destino; e sua dimensão longitudinal em quilômetros, esta última foi calculada levando em consideração a topografia do terreno o que nos permitiu verificar diferenças significativas quando comparamos com as distancias publicadas por Villuga (Figuras 7 e 8). Esses atributos nos permitem, além da estruturação da IDE histórica, a possibilidade de fazer consultas com base nesses valores alfanuméricos. Essa sistematização da informação permitirá também que, futuramente, todo o trabalho de georreferenciamento e vetorização possa ser reutilizado com mayor facilidade por outros usuários[13] (Figura 09).
Figure 7. 
(Figura 7) Camada dos itinerarios criada, sua tabela de atributos e cálculo do comprimento real de cada itinerário levando em consideração a topografia. Nesta imagem foram seleccionados os itinerarios que iam de Toledo para Valladolid, um foi clasificado por Villuga para ser percorrido com carro e o outro com cavalo.
Figure 8. 
(Figura 8) Camada dos itinerários já com a respectiva tabela de atributos associada a cada entidade geométrica.
Figure 9. 
(Figura 9) Esquema do fluxo de trabalho da metodologia realizada para a criação da IDEH.

3. Análises

Através das ferramentas de análise espacial realizou-se o estudo das densidades dos itinerários Villuga para verificar quais áreas são mais densas, o que poderia indicar o grau de importância de certos trechos[14]na Península Ibérica naquele momento histórico. Pôde-se verificar, por exemplo, que a maior densidade se concentra na área central da Península em torno da capital de Toledo, seguida pela área de Valência, depois pela região entre Valladolid e Medina del Campo, por Burgos e Zaragoza com densidades muito próximas e, finalmente, a região ao redor de Barcelona. Além desses grandes focos, a análise também nos proporcionou a hipóteses de que poderia haver um fluxo maior entre as cidades de Toledo, Valência, Valladolid, Burgos, Zaragoza e Barcelona (Figura 10). A análise obtida a partir da densidade dos itinerários de Villuga, juntamente com a concentração de núcleos, levando em consideração sua classificação, mostrou uma maior concentração de núcleos "capitais" e "cidades importantes" no eixo Toledo-Zaragoza, seguido pela área central, entre Toledo, Madrid, Valladolid e Salamanca. Essa análise poderia indicar que estas conexões tinham uma maior importância durante o século XVI. Na parte sul, observa-se também uma concentração de “cidades importantes” e “capitais” nos eixos Lisboa-Barcelona (passando por Évora, Cárceres, Toledo y Valencia e no eixo Lisboa-Salamanca (passando por e Cárceres), hipótese que já foi comentada por Chaunu e por Silva em estudos anteriores [Chaunu 1983] [Silva 1989].
Figure 10. 
(Figura 10) Mapa com o cálculo da densidade linear dos itinerários de Villuga e os núcleos segundo a classificação do autor.
Outra análise que poderia elucidar questões relacionadas com o transporte de materiais e os fluxos de profissionais são os modelos preditivos para calcular as rotas de menor custo. Alguns estudos consideram outros fatores mais complexos que o espaço euclidiano, como poderiam ser o relevo, os limites e/ou as fronteiras [Murrieta-Flores 2012] para visualizar quais eram os caminhos mais acessíveis. Diferentes fatores poderiam intervir nesta análise: encostas, barreiras, vegetação, clima, estações, etc. Além dos fatores de natureza sociológica, como a presença de inimigos, fatores intrínsecos ao próprio corpo humano (como a resistência física ou a idade) ou as crenças que influenciavam na escolha de um caminho [Verhagen 2018] [Murrieta-Flores et al. 2017]. Segundo Bermúdez e Fairén, a topografia é um dos principais fatores para o cálculo da rota ótima [Bermudéz Sánchez 2004] [Fairén Jiménez 2004], sendo esse o critério principal que foi adotado no nosso estudo. Primeiramente uma superfície de custo foi calculada considerando as encostas como principal fator [Herzog 2013]. Posteriormente, uma superfície de custo acumulativo a partir do ponto de início da trajetória foi medida. Finalmente, o caminho de menor custo entre os pontos de início e de fim do itinerário foi calculado, resultando em um traçado que indica o caminho mais “fácil” de ser percorrido. Por exemplo, para avaliar a rota entre as cidades de Sevilha e Córdoba foi realizado esse cálculo. Observou-se uma maior coincidência da rota ideal calculada com o itinerário 14 de Villuga (Barcelona - Cavernas de Sevilha, Mosteiro de Cartujos) do que com o itinerário 73 (León-Sevilha). Esse resultado poderia justificar a existência de cidades mais importantes no itinerário 14 do que no 73, devido a facilidade de percorrer o caminho. Ao mesmo tempo, por ter mais cidades no itinerário 14, estas serviriam também como pontos de parada para descanso e abastecimento (Figura 11), algo que alguns pesquisadores afirmam ser um fato decisivo na escolha da rota [Uriol Salcedo 1990].
Figure 11. 
(Figura 11) Veja nesta imagem os itinerários 14 e 73 destacados em azul (Caves Barcelona - Sevilha e León-Sevilha, respectivamente) e o caminho de menor custo em verde.
Como mencionado anteriormente, a reutilização da IDE histórica é uma das principais vantagens oferecidas pelo SIG. Ao visualizar as estradas de Villuga do século XVI, juntamente com a camada das calçadas romanas, pode-se perceber algumas diferenças, semelhanças e complementaridade da informação. No caso de Villuga, a densidade das estradas na cartografia está localizada na área central da Península (Toledo, Valladolid, Madrid, Salamanca) enfatizando sua importância econômica e demográfica. No caso das calçadas romanas, os caminhos são distribuídos com maior intensidade no Sul e no Sudoeste da Península. Essa diferença foi observada também em estudos anteriores que utilizaram métodos tradicionais e observaram uma presença escassa de caminhos no Sul na publicação de Villuga [Uriol Salcedo 1985]. Com a justaposição de ambas camadas podemos observar a coincidência com as principais rodovias romanas: Via do Norte, Via Augusta e Via da Prata (Figura 12).[15] Também podemos avaliar que embora Villuga tenha defendido que sua publicação incluía todos os caminhos, na prática isso não foi verdade, já que existia uma grande concentração no Sul desde da época romana que não foi contemplada no seu Repertorio.
Figure 12. 
(Figura 12) Superposição das camadas dos caminhos de Villuga com as calçadas romanas.
Com o objetivo de relacionar os possíveis caminhos e os eventos da produção arquitetônica do gótico tardio na Península Ibérica, uma das melhores maneiras é através da visualização da densidade dos eventos produzidos[16] e sua justaposição com as camadas dos caminhos de Villuga e das calçadas romanas (Figura 13). Observou-se que diferentemente da análise de densidade anteriormente realizada, a produção arquitetônica teve sua maior concentração no sul da Península, fato que pode ser justificado por causa da entrada de capital com o descobrimento de América o que ocasionou um maior desenvolvimento construtivo dessa região. Constatou-se também que as redes de comunicação que alimentaram mais o Sul são as herdadas das calçadas romanas,[17] diferentemente da região centro-norte da Península.
Figure 13. 
(Figura 13) Análises de densidade dos eventos relacionados com a produção arquitetônica do gótico tardio e a justaposição das camadas dos caminhos de Villuga e calçadas romanas.

4. Conclusão

Embora a aplicação de análises espaciais em matérias como a História da Arquitetura está ainda numa fase incipiente, tecnologias como os SIG já começam a influenciar profundamente os projetos de pesquisa, permitindo uma ampliação da visão do objeto arquitetônico com a sua dimensão mais territorial e sua relação com outros dados de outras disciplinas [Ferreira Lopes 2018]. Com a aplicação dos métodos realizados neste artigo, os investigadores da Rede do Gótico Tardio conseguiram obter novas interpretações, informações e possibilidades de análises não só relacionadas aos caminhos, mas com todo um fenômeno de estruturação do território espanhol.
Assim, observamos que a introdução da abordagem de análises geográficas na História da Arquitetura proporciona um avanço significativo dentro do paradigma do conhecimento arquitetônico, já que, na maior parte das ocasiões, se limitam a investigar somente a materialidade do objeto (o edifício como objeto isolado). Até recentemente, pouco foi feito para a implementação de métodos mais criativos que aproximem o estudo da arquitetura com outros contextos (políticos, sociais, econômicos ou culturais) de uma maneira integral. O avanço da visão “limitada” do edifício/objeto em direção a uma visão de um conjunto de fatores e elementos é um grande passo na aplicação de tecnologias espaciais para o estudo da produçãoarquitetônica em um período com grandes transformações territoriais na Península, como foi a época da reconquista e do descobrimento. Com a IDE histórica criada e as primeiras análises e hipóteses, o próximo passo é a incorporação de outras rotas (por mar e rio) para estudar com maior precisão os fluxos dos agentes relacionados com a construção.
O período do gótico tardio é caracterizado por um grande movimento de professionais que estão realizando diferentes atividades em várias cidades ao mesmo tempo e por uma grande quantidade de imigração, profissionais que vinham de Alemanha, França, Itália, etc. para a Espanha.[18] Muitas dessas atividades estão registradas nos documentos históricos e outras foram atribuídas a determinados autores com base na semelhança estética ou na solução construtiva que foi repetida nos diferentes edifícios. Assim, a produção arquitetônica acabou sendo o resultado de uma série de variações e influencias recebidas do contexto europeu que principalmente nos anos 40 do século XV se caracterizam por uma profunda transformação na linguagem construtiva.[19] Os dados da rede de comunicação junto com os da produção de edifícios (pontes, palácios, igrejas, catedrais, canteiras, hospitais, colégios, etc.) formarão uma abordagem territorial e poli cronológica que servirá de base para analisar tanto o processo de transferência do conhecimento de técnicas construtivas como outros subsistemas relacionados a ele (transporte de materiais, financiamento, grêmios, etc). Consequentemente, trata-se de entender o território como um palimpsesto, com distintas camadas e dados que se inter-relacionam ao longo do tempo.
Entretanto é importante destacar que o método aqui aplicado para as análises não é completamente perfeito. A principal questão a considerar neste aspecto é com relação ao Modelo Digital de Terreno (MDT) que foi utilizado para realizar as análises de rota de menor custo uma vez que esses são resultado de dados de elevação atuais e não correspondem a cronologia da fonte cartográfica digitalizada. Isso significa que poderiam existir algumas variações nas rotas. Entretanto, esse problema poderia ser solucionado com a retificação do MDT através de alguma cartografia histórica. Neste contexto, será interessante realizar futuramente um estudo mais profundo do Antigo Reino de Sevilla devido aos grandes câmbios sofridos na região das marismas e no percurso do rio Guadalquivir, especialmente entre Sevilha e Cádiz.
Outro ponto que merece também especial atenção é a questão da reutilização da IDE histórica criada. Com o objetivo de garantir sua maior utilização, quatro critérios foram estabelecidos: 1) A IDE histórica será publicada em formatos .shp e .xml, garantindo assim a interoperabilidade dos dados; 2) A IDE histórica poderá ser acessada em repositórios digitais. Primeiramente através do repositório da Universidade de Sevilha (idUS) e da página web do grupo de investigação HUM799. Posteriormente, será incluída também no repositório Hispana; 3) Serão elaborados um arquivo explicativo de como foi realizado o processo de digitalização e vetorização das fontes em formato .pdf; 4) Para garantir uma maior acesso e maior interoperabilidade as camadas serão publicadas com seus respectivos metadados. Devido à grande dificuldade que ainda existe de encontrar e acessar dados espaciais históricos, acreditamos que a decisão de publicar esses dados ajudará a comunidade cientifica, não só aos investigadores, mas também ao corpo de docentes que muitas vezes não encontram a “matéria-prima” para trabalhar nas classes.

Agradecimentos

Esta investigação foi financiada pelo Ministério de Ciência, Inovação e Universidades do Governo de Espanha com os projetos HAR2012-34571, HAR2016-76371-P e HAR2016-78113-R. Agradeço também aos colaboradores do projeto “Modelos de Informação Digitais – SIG e Grafos – aplicados no patrimônio. A produção arquitetônica do gótico tardio no antigo Reino de Sevilha”, aos investigadores do grupo HUM799 (Estratégias para o conhecimento do patrimônio), ao Instituto Universitário de Arquitetura, Ciência e Construção (IUACC), aos membros da Rede de Investigação do Gótico Tardio[20] e aos organizadores do curso “SIG e Humanidades” da Universidade de Lancaster.

Abstract

Recent research shows the potentiality of applying Geographic Information Systems (GIS) in cultural and historical studies. These studies have proven the benefits, flexibility and also the difficulties that the use of this technology brings to the humanities area. In the researches developed in the field of heritage documentation, it was observed that most of them support and claim the advantages to carry out analyses with GIS but cannot reach them because they are restricted to using the technology only to geolocate certain information. This problem deserves special attention because it limits the generation of knowledge from the data collected and processed. This article proposes an example of a study that contemplates the digitalization and analysis phase of an important source of documentation and cartography of Spain: The Repertoire of all the ways of Spain in the year of grace of 1546. The network of roads existing in the 16th century in the Iberian Peninsula was one of the main factors that helped the consolidation of commercial activities, the flow of knowledge and the constructive technical innovations in the new urban centres created. This paper proposes an analysis of the impact of these communication networks, through thematic maps, juxtaposition visualization, calculation of densities and calculation of the lowest cost path to study the terrestrial connections in the Peninsula. The result is a historical spatial data model capable of interrelating alphanumeric and/or physical-geographic data that enables a new perspective and source of information for researchers and professionals in different fields.

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Notes

[1] Para mais informações relacionadas com o começo dos SIG ver [Foresman 1997].
[2] Embora a grande maioria das investigações historiográficas tradicionais desenvolvidas considera a dimensão do tempo como a principal para estudar os eventos e acontecimentos históricos, o método utilizado com os SIGH acrescenta a essa, a dimensão espacial. Nas últimas décadas, os SIGH estão sendo aplicados com bastante sucesso em centros nacionais e internacionais como: o Projeto IDE histórica de Madrid desenvolvido pelo CISIC (http://www.idehistoricamadrid.org/); os projetos do Spatial History Project da Universidade de Stanford (http://web.stanford.edu/group/spatialhistory/cgi-bin/site/index.php); o projeto Atlas Digital das civilizações romanas e medievais da Universidade de Harvard (https://darmc.harvard.edu/); o projeto do SIGH de Grã Bretanha dirigido por Ian Gregory (http://www.port.ac.uk/research/gbhgis/); o projeto DECIMA da Universidade de Toronto no Canadá (https://decima-map.net/) [Terpstra e Rose 2016]; ou o projeto do SIG histórico e o estudo de redes comerciais globais (1500-1800) coordenado por Ana Crespo Solana [Crespo Solana 2014].
[3] Podemos destacar os avanços obtidos nos últimos 5 anos, especialmente com relação a digitalização e difusão de cartografias históricas em instituições espanholas como: Instituto de Estatística e Cartografia da Andaluzia (IECA) (http://www.juntadeandalucia.es/institutodeestadisticaycartografia); Instituto Geográfico Nacional Espanhol (IGN) (http://www.ign.es/web/ign/portal/ctc-area-cartoteca); Instituto Cartográfico e Geológico da Catalunha (ICGC) (http://www.igc.cat/web/es /).
[4]  A resolução da imagem (tamanho em pixel, em dpi) vai influenciar de maneira decisiva a qualidade do raster. Tanto para sua utilização em formato raster como, em vetorial, a resolução da imagem influenciará o resultado.
[5] O gótico tardio abrange a arquitetura produzida durante os séculos XIV e XVI e é uma expressão utilizada para se diferenciar do conhecido “gótico clássico” [Alonso Ruiz 2003].
[6] Pedro Juan Villuga foi um cartógrafo espanhol, nascido em Valencia. Esta publicação foi o resultado de sua peregrinação em toda a Espanha durante os anos 30 y 40 do século XVI. Esta obra foi reimpressa conservando a nomenclatura escrita originalmente por Villuga e se encontra em acesso aberto no repositório da “Biblioteca Digital Hispânica” da Biblioteca Nacional de Espanha (BNE) (http://bdh-rd.bne.es/viewer.vm?id=0000228896&page=1).
[7]  Chamamos núcleos os pontos que foram catalogados por Villuga junto com os itinerários e que incluem não só as cidades, mas também as pequenas vilas ou vendas desse período.
[8] Só seis anos depois, em 1552, o francês Chales Estienne publica algo parecido sobre os caminhos franceses #reverdy1980.
[9]  Em total Villuga incorpora apenas 14 comentários breves, mas é nesses comentários que se nota justo o objetivo da publicação em ajudar os viageiros a escolher os caminhos.
[10] Versão digital de uma cópia da biblioteca de Archer M. Huntington do fac-símile original de 1546.
[11] Como podemos ver na própria cartografia, Villuga representa as principais vias daquela época e que de certa maneira tem uma intima relação com as calçadas romanas ou com outras publicações coetâneas como as memorias de viagens do médico Jerónimo Munzer (final do século XV) ou o “Repertorio de caminos” que publicou Alonso Meneses em 1576. Com relação a este último, se comparamos com o repertorio de Villuga veremos que Meneses aporta 134 itinerários catalogados em ordem alfabética o que facilitava encontrar um determinado caminho pelo seu ponto de origem. Comparando as duas publicações vemos que 119 itinerários são praticamente idênticos, incluso na medida das distancias, que chegam a variar muito pouco. Uma questão importante é que na publicação de Meneses, quase não aparecem os nomes de edifícios religiosos como acontece nos itinerários de Villuga. Como no projeto do gótico tardio trabalhamos como uma cronologia que vai desde a metade do século XV até a metade do XVI, para o estudo era importante saber a presença ou não do registro de determinados edifícios religiosos. Neste sentido, o repertorio de Villuga nos serviu para ter uma primeira base, uma foto “fixa”, dos principais caminhos da Coroa de Catela.
[12] DERA são os Dados Espaciais de Referência de Andaluzia para escalas intermedias e está composto por vários dados espaciais (tanto vetoriais como raster) que representam diferentes blocos temáticos (relevo, hidrografia, divisões das províncias, usos do solo, patrimônio, sistema viário, etc.). Toda a informação espacial está disponível em acesso aberto (DERA https://www.juntadeandalucia.es/institutodeestadisticaycartografia/DERA/).
[13] Como esse projeto foi financiado pelo Ministério de Ciência, Inovação e Universidades do Governo de Espanha e desenvolvido na Universidade de Sevilha, se pretende que as camadas criadas estejam disponíveis no repositório Digital da Universidade de Sevilha (idUS, https://idus.us.es/xmlui/) no formato shapefiles em breve (atualmente, idUS só permite subir arquivos em formato .pdf).
[14] É importante destacar que no caso das análises de densidade os parâmetros que se escolheram determinaram o resultado, ou seja, a visualização final que obtivemos. No caso da figura 9, o tamanho da célula (pixel) de saída foi 3000 e a unidade de área escolhida foi metro quadrado.
[15] Para esta justaposição foram utilizadas as camadas criadas no nosso projeto (camadas dos itinerários de Villuga) e a camada dos caminhos romanos realizada pelo projeto DARMC [McComick et al. 2013] (https://darmc.harvard.edu/data-availability).
[16] A camada de eventos utilizada nesta análise provém de uma base de dados relacional bastante amplia, cerca de 1500 eventos, que relaciona os agentes (mestres, canteiros, pedreiros, pintores, escultores, mecenas, etc.) com partes de edifício, elementos construtivos, relatórios e traças. Para consultar maiores detalhes sobre a metodologia e os avances alcançados ver Ferreira Lopes e Pinto Puerto (2018). Essa base de dados é resultado das colaborações realizadas com investigadores da “Red Tardogótica” (http://www.tardogotico.net/).
[17]  As conexões marítimas e fluviais não foram abordadas neste artigo porque não foram encontradas nas fontes documentais pesquisadas e selecionadas. Entretanto, essas poderão ser incorporadas em futuras análises.
[18] A reconquista acabou estabelecendo um novo modelo de organização nos espaços conquistados que foram se consolidando na medida que a “fronteira” foi alcançando a parte oriental no Sul da Península (em 1492 com a conquista de Granada). E para essa consolidação, o papel da construção e das reformas de edifícios foi muito importante, já que de certa maneira, representavam a supremacia e o poder dos reis católicos.
[19] As viagens e os movimentos que os maestros realizavam entre as diferentes obras e o tipo de atividades que executavam foram muitas. Por exemplo, na primeira década do século XV, o maestro Charles Guartier de Rohen estava trabalhando na Catedral de Lérida e a partir dos anos 30, ele vai para a Catedral de Sevilha. Outro maestro francês chamado Ysambarte durante sua trajetória trabalha em vários edifícios e lugares: no Castelo de Pierrfond (em Lérida) e depois em várias obras em Zaragoza, Daroca, Palência, Tordesilhas e Sevilha. Dessa forma, esses fluxos de professionais tanto imigrantes como locais podem ser melhor entendidos se vamos traçando suas biografias e atividades relacionadas tanto com dados cronológico como os dados do tipo de atividade e a geografia física do território.
[20] A Rede de Investigadores do Gótico Tardio é uma rede permanente de projetos e grupos de investigação iniciada em 2013 (atualmente colaboram as universidades de Sevilha, Lisboa, Palermo, Zaragoza e Cantábria).

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